ANÁLISE ENTRE O PCN E O CBC DA HISTÓRIA DA SECRETÁRIA DE ESTADO DE
EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS.
A pesquisa proposta irá analisar inicialmente
o contexto do ensino de História , assim como a postura e exigências do historiador,
segundo planejamento da secretaria de educação do Estado de Minas Gerais, pela
leitura crítica do Currículo Básico Comum. A qual, cada estado tem por dever
constituir o próprio CBC de acordo com a lei 9394/96, lei de diretrizes básicas
da educação nacional e os parâmetros curriculares nacionais. Tendo ciência que
os PCNs não são atualizados desde 1998, ainda mantendo o sistema seriado, segundo
a disposição no Portal do Ministério da Educação.
Optamos pelas escolas estaduais por três
motivos significativos: Estas incorporam o ensino fundamental 2 e médio dando
maior abrangência a pesquisa visto que é justamente nesse período que o
Historiador esta inserido da educação básica, a escola base da pesquisa mantem
o fundamental 1 mesmo sendo do Estado e também por contextualizar a postura
estadual diante da necessidade municipal delineando a historia local.
Já na introdução do CBC, encontramos uma
postura rígida, direcionada ao professor de História:
Bem como as
metas a serem alcançadas pelo professor a cada ano, é uma condição indispensável
para o sucesso de todo sistema escolar que pretenda oferecer serviços
educacionais de qualidade à população. (CBC, Apresentação, 10 p.)
Essa fala inicial, nos permite refletir o
quanto o Estado parece influenciado por tendências mercadológicas de resultado,
encontradas comumente em empresas de grande porte do setor privado, esse desejo
de “tornar a rede estadual de ensino de Minas num sistema de alto desempenho.”
Isso nos faz pensar que o educador deve
seguir um padrão maquinal de exigência sistêmica, questionando que além do
objetivo taxado pelo mesmo, o que pode se encontrar nas entrelinhas produzidas
no fim destes anos escolares? Até onde o Estado esta provendo educação e até
onde esta reforçando os canais de instrução superficial?
O
estabelecimento de um plano de metas para cada escola. O progresso dos alunos,
reconhecidos por meio dessas avaliações, constituem a referência básica para o
estabelecimento de sistema de responsabilização e premiação da escola e de seus
servidores. (CBC, Apresentação, 10 p.)
Agregando elementos como premiações para
planos de metas, recorda o trabalho de Skinner (1970) sobre condicionamento de
comportamento por reforço positivo, não mostrando uma orientação pedagógica
relacionada aos padrões e necessidades atuais.
Organizar um cronograma de ações para a
instituição escolar é uma necessidade inegável, para o bom funcionamento da
mesma, porem existe a necessidade de uma estruturação madura, que relacione
diretrizes com liberdade de ação, assim como suporte e assistência ao educador
e a escola. Curiosamente se encontra na mesma página que originou os trechos
acima, foi retirada a seguinte descrição.
Os CBCs não
esgotam todos os conteúdos a serem abordados na escola, mas expressam os
aspectos fundamentais de cada disciplina, que não podem deixar de ser ensinados
e que o aluno não pode deixar de aprender. (...) Para assegurar a implantação
bem-sucedida do CBC nas escolas, foi desenvolvido um sistema de apoio ao
professor que inclui: cursos de capacitação, que deverão ser intensificados a
partir de 2008, e o Centro de Referência Virtual do Professor (CRV), o qual
pode ser acessado a partir do sítio da Secretaria de Educação
(http://www.educacao.mg.gov.br). No CRV encontrasse sempre a versão mais
atualizada dos CBC, orientações didáticas, sugestões de planejamento de aulas,
roteiros de atividades e fórum de discussões, textos didáticos, experiências
simuladas, vídeos educacionais, etc; além de um Banco de Itens. Por meio do CRV
os professores de todas as escolas mineiras têm a possibilidade de ter acesso a
recursos didáticos de qualidade para a organização do seu trabalho docente, o
que possibilitará reduzir as grandes diferenças que existem entre as várias
regiões do Estado. (CBC, Apresentação, 13 p.)
O Estado prove
cursos de capacitação constantes, mas nada altera no salário do educador para a
compra de livros e materiais diferenciados para que exerça a autonômia docente
para agregar elementos que intervenham na sua realidade.
Para a formação do
educando em um aspecto essencial porem não descritivo, que se faz entender ao
falar dos “aspectos fundamentais de
cada disciplina, que não podem deixar de ser ensinados e que o aluno não pode
deixar de aprender.” Esta frase, ao
mesmo tempo que concede liberdade, deixa o educador sem uma noção clara do que
o estado realmente esta sendo proposto. Liberdade de ensinar com um currículo
que atende ate determinado ponto, onde o professor pode agregar (e deve) outros
conhecimentos complementares de acordo com a demanda identificada ou gestão da
escola.
Praticas pertinente
diante desta analise constante do meio que buscamos, em um processo de
valorização da própria história do sujeito criando pontes e fundamentos da
História local até a História do mundo. Para os Parâmetros Curriculares
Nacionais (Brasil, 1998), um dos objetivos chave da História esta na construção
e despertar da consciência social do sujeito assim como as relações sociais.
Identificamos no PCN da História o seguinte trecho.
“A opção de se introduzir o ensino de História desde os primeiros
ciclos do ensino fundamental explicita uma necessidade presente na sociedade
brasileira e acompanha o movimento existente em algumas propostas curriculares
elaboradas pelos estados. (...) A demanda pela História dele ser entendida como
uma questão da sociedade brasileira, ao conquistar a cidadania, assume seu
direito de lugar e de voz, e busca no conhecimento de sua História o espaço de
construção de sua identidade (BRASIL, 1998, p.4-5)
Dentro deste
trecho, na citação, “Acompanha o movimento existente em algumas propostas
curriculares elaboradas pelos estados” já se começa a compreender o
direcionamento do CBC, que atua de maneira diferenciada, na nossa opinião, pois
insere o Historiador apenas no 6° ano, deixando os anos iniciais para o
pedagogo, chegando a atuar mesmo em aula de educação física e nas demais áreas
do conhecimento. Mesmo sendo um profissional plural, o pedagogo não contempla a
função do historiador, tendo domínio sobre a estrutura metodológica mais do que
sobre o conteúdo e sua interpretação.
De maneira que se
torna necessário uma desconstrução de conceitos do aluno quando este chega ao
fundamental 2, devido a uma escolha puramente logística, segundo a Analista de
História da Superintendência de ensino de Minas Gerais.
Essa dualidade de projetos
nos faz pensar que, o desenvolvimento destas normas não é feita por
Historiadores ou é limitada em alguns parâmetros como em um nivelamento de
importâncias, isso pode ser notado na própria Superintendência de Ensino em
Uberlândia, onde existem seis analistas ao todo para Matemática e Português e
apenas uma analista para História, sabendo que cada analista atua sempre em
cerca de oito escolas.
Seria isso uma
organização de prioridades do Estado? E qual seria prioridade do ensino de
história neste caso? Segundo Pereira, o ensino de História só seria importante
para executar as seguintes funções:
O ensino de História deve permitir que os alunos se compreendam a
partir de suas próprias representações, da época que vivem , inseridos num
grupo, e, ao mesmo tempo resgatem a diversidade e pratiquem uma análise critica
de uma memória que é transmitida. (...) Faz-se necessário que novas maneiras de
ser, sentir e saber o mundo sejam estimuladas no ensino de História, visando
favorecer a formação do cidadão para que esse assuma formas de participação
social, politica e de atitudes criticas diante da realidade que o cerca
aprendendo a discernir limites e possibilidades em sua atuação e transformação
da realidade histórica na qual esta inserido (PEREIRA, 2011, p 2.)
Estas funções não
meramente comerciais e laborais, mas sociais e politicas, se apresentam como um
empasse que mostram certo distanciamento entre as projeções nacionais,
estaduais e o campo social-cientifico. Pode-se questionar como o estado tem
dificuldade em prover sua necessidade metodológica no ensino de História para
atingir sua meta de “formar cidadãos críticos” já que o CBC e os PCNs descrevem
apenas três fundamentos: conteúdo, teorias e excessiva flexibilidade de
exigências. Em contrapartida aos PCNs, o CBC debate sobre o “criar condições
que os alunos elaborem novos sentidos e significados para o estudo de História”
explicitando que a realidade é mutável e o sujeito pode intervir nela, na
descrição que “a educação para a cidadania prioriza a aquisição de instrumentos
intelectuais e a formação de atitudes para a participação na esfera publica” novamente
estabelecendo metas e orientação, mas sem debater instrumentos metodológicos concretos
para atingir este objetivo, neste ponto o CBC se mostra tão atual quando os
PCNs.
O CBC tende a
buscar soluções para esta questão e também para a atuação na diversidade
cultural do ensino médio, atuando na corrente da História social com a postura
de “investigação das relações cotidianas, dos grupos excluídos e dos sujeitos sociais
construtores da historia” e o proposito de dar significado a história
vivenciada pelos alunos por meio das relações cotidianas, ou seja, o
conhecimento histórico escolar se formando por meio das relações cotidianas
atuais sob pressão e influencia da própria História. Na busca de estimular os
educandos a questionar e perguntar a origem das questões presentes, por meio de
situações do dia a dia. Concentrando atenção sob o ponto da curiosidade, como
chave no desenvolvimento de um raciocínio histórico, prévio a critica, voltado
a imaginar possibilidades de causa, consequência e desenvolvimento das ações
humanas. Neste eixo de ação, recorremos ao pensamento de Freire (1996) que
descreve situando o aluno no centro deste processo:
O sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu gesto a relação dialógica em que confirma como inquietação e curiosidade, como inconclusão e permanente movimento da História. (Freire, 1996, p. 136)
Observamos que,
segundo essa incompletude, por mais flexível que possam ser as propostas
teóricas e nobres intensões do CBC, a questão chave pode estar dentro das
universidades que continuam com o foco na formação historiadores com noções de
datas, cenas históricas e não educadores. Não havendo assim elos de comunicação
e convergência entre o estado e a universidade, promovendo evasão dos
professores de História quando são impactados pela realidade escolar. O que existe
é uma falta de conscientização metodológica do historiador, que o Estado tenta
constante suprir com suas capacitações. E é por esse viés que este projeto de
pesquisa procura intervir e de acordo com a liberdade expressa dentro do
próprio CBC.
Referência
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
História. Brasilia: MEC/SEF, 1998.
FREIRE, Paulo.
Pedagógica da Autonomia: saberes necessário à pratica educativa. São Paulo.
1996. Paz e Terra.
PEREIRA. J.C.C. O ensino de História nas series iniciais.
Campinas: UNICAMP: Histedbr. Vol 15. 2007.
SECRETARIA DO
ESTADO DEMINHAS GERAIS. Currículo base
comum: História, ensino fundamental e médio. Disponível em < http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index2.aspx??id_objeto=23967#> acesso em 18 nov. 2013.
SKINNER, B. F. Ciência e comportamento humano.
2ª ed., Brasília, Universidade de Brasília, 1970. 252 p.
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