Pesquisa da
FAPEMIG 08/10/2013 – ENTREVISTA COM A ANALISTA DE HISTÓRIA, DA
SUPERINTENDENCIA REGIONAL DE UBERLÃNDIA-MG.
Antes
de iniciar as perguntas, motivado por nossa conversa anterior, poderia explicar
como funciona o processo de fusão de salas? Qual o número máximo e mínimo de
alunos que o estado prevê por sala? Porque a educação passa por processos, essa
fusão ocorre semestralmente, anualmente ou durante o semestre?
Essa pergunta tem um caráter de
legislação e administrativo e por esse motivo poderia ser respondida com
detalhes por um (a) Inspetor (a) Escolar que cuida dessa parte. O foco do
Analista é o processo pedagógico em si. Mas vamos lá com meu conhecimento geral
do sistema de educação de Minas Gerais. O processo de fusão ocorre quando a
sala fica abaixo do mínimo de alunos estipulados (Secretaria de Educação de
Minas Gerais e Superintendência de Ensino Regional). O momento para ocorrer é quando
o sistema detecta a baixa. O dispositivo é o esvaziamento da sala de aula.
Qual
o número de alunos necessário para a fusão de salas?
O número vai variar de acordo com o
espaço físico. Considera-se o número de alunos que a sala comporta. O espaço
físico é fator importante nesse processo. Então tem às vezes uma sala maior ou
menor, mas normalmente 25, abaixo disso já é motivo para poder fazer fusão de
turmas.
E
assim, neste ponto, ao mesmo tempo o Estado economiza professores, podendo
reunir, só para, conseguirmos entender esse processo, pois é interessante. E o
número máximo de alunos máximo de alunos em sala?
O número de alunos máximo em sala vai
pela coerência do espaço físico, materiais como carteiras. Mas isso também pode
gerar a criação de outra sala. Se o número for muito alto tem lei que prevê, o número máximo de alunos por sala
de aula poderá ser alterado, a critério da Secretaria de Estado de Educação, em
situações excepcionais, emergenciais. Para exceder esse limite, a escola, de
acordo com orientação da Secretaria, deve solicitar permissão expressa da
Superintendência Regional de Ensino.
Então
tem um acesso sobre todos os alunos que tem em sala, já no sistema?
Sim, no sistema já tem número de alunos,
escola, faixa etária, se esta em defasagem, tem todo esse controle hoje.
Agora,
a primeira pergunta após essa introdução de curiosidade, seria explicar sua
função para o setor que atua e sua formação acadêmica.
Minha formação acadêmica é licenciatura
plena em História formei em 2002, depois fiz uma especialização em cultura afro-brasileira.
Já estive na sala de aula de 2003 até 2010.
Trabalhei no estado, no município. Inclusive um dos requisitos para ser
analista é ter experiência em sala de aula. Minha função é acompanhar processo
pedagógico da escola, como analista pedagógica, eu faço parte do Programa de Intervenção
Pedagógica do estado de Minas Gerais, que passa a atuar em 2011, para
implementar O CBC – Conteúdo Básico Comum que é o currículo do Estado de Minas
Gerais. Oriento, acompanho tudo que está relacionado ao processo pedagógico do
6° ao 9° ano. Tem um analista para cada componente curricular, com exceção para
matemática e língua portuguesa que são três analistas para cada disciplina.
Atendemos todas as escolas da Superintendência de Uberlândia que são agrupadas
e formam os setores que cada um de nós tem responsabilidade direta no
acompanhamento. Hoje cada analista tem oito escolas. Quanto a frequência desse
acompanhamento, há critérios para saber se eu venho à escola semanalmente,
quinzenalmente ou uma vez por mês. Você
acha interessante falar sobre esses critérios?
Sim,
mas gostaria de entender sua proximidade com o professor de história.
Bom, essa proximidade ocorre da seguinte
forma: como é dividido por setor, vou explicar para ficar mais claro, no meu setor
eu acompanho todo pedagógico da escola, pois conheço a estrutura de todos os
CBCs, Conteúdo Básico. Para esse conhecimento todo ano passamos por capacitação.
E quando é alguma coisa especifica eu convido um colega da área, porque as
vezes o professor se sente mais confortável falar diretamente com alguém
formado na área, profissional pra profissional.
A mesma coisa acontece com o professor de história, eu que sento e falo
com o professor troco ideias, oriento. Os cursos de capacitação, que vem da
secretaria ou se secretaria permite nos elaboremos. Os cursos sou eu que
ministro, às vezes tenho um monitor (ajuda de algum colega analista), mas sou
eu que ministro. Então é meu papel junto deste professor, primeiro orientar que
ele trabalhe com o conteúdo básico comum que é o currículo do estado de e Minas
Gerias, outro ponto é orientar esse professor para que esse trabalho se mostre
interdisciplinar, com português e matemática e com os outros conteúdos também.
A língua portuguesa, ela é muitas vezes o carro chefe, porque uma das coisas
como professor, como analista eu venho observando que o que está atravancando o
aluno a compreender, é a questão da leitura, então a gente pede que o professor
trabalhe muita leitura e gêneros textuais com os alunos. E dentro deste
processo, com todos os professores, mas principalmente na Historia, que é minha
área e falo com maior propriedade é que o professor rompa com atitudes positivistas,
que o professor vá até o aluno e veja como pode ensinar para o aluno hoje. O
nosso aluno de hoje, o aluno da era do conhecimento e da tecnologia, não é um
aluno de 10, 15 anos atrás. E muitas vezes encontramos resistências e
limitações para que o professor possa acompanhar essa tendência, esse novo
tempo. Então nós como professores de historia, temos uma função social muito
grande, função de fazer com que o individuo pense, para que tenha autonomia ao
pensar, porque o professor não é mais o que repassa o conhecimento, o professor
de História é um mediador, ele esta ai para mediar a produção de saberes dos
alunos.
Em
alguns casos, em sua opinião, porque isso não ocorre? Porque o aluno acaba
saindo do ensino fundamental e médio sem a criticidade social?
Essa tem sido uma discussão constante,
entre nos analistas, entre os colegas professores, gestores, especialistas
porque esse aluno está indo pra frente sem esse conhecimento, e ai tem a questão
de idade, entra política, onde o aluno não pode ser retido. Agora essa questão
do aluno não pode ser retido é mal interpretada. Mas devido a questão do aluno não poder ser
retido, convencionou-se até mesmo pela própria sociedade “hum que ótimo, o
menino agora não toma bomba” e ai muitas vezes surge má interpretação e a
pressão em cima dos professores para ele não reter o aluno, esse aluno acaba
sendo jogado para frente sem conhecimento. A ideia, a proposta em si é coerente
e visa aprovar o aluno sim, mas com
conhecimento. Porque a secretaria, parte do princípio que todo aluno
independente do que ele vivencia dentro e fora da escola, fora aluno especial
que vem com laudo, ele tem capacidade cognitiva para aprender e o professor tem
competência para ensinar.
O aluno tem que progredir, essa
progressão deve ocorrer com conhecimento, para isso existe o programa de intervenção
pedagógica em que nós analistas orientamos e acompanhamos e o plano de
intervenção pedagógica para ser trabalhado com esse ou esses alunos. Nosso
papel também é esse, orientar o professor para fazer intervenção no momento e
tempo certo. Por isso no início do ano é aplicada uma avaliação diagnóstica em
todos os conteúdos, para saber o que aquele aluno ainda não aprendeu, (que o
programa do estado de Minas Gerais chama de “consolidar”). Exemplo: o que o do
aluno do 6° ano tinha que consolidar no 5°, então a diagnóstica vai ser baseada
na Matriz Curricular do ano anterior (a avaliação diagnóstica do 7º ano é
baseada na matriz do 6º e o mesmo com os demais anãos). Caso ele tenha que ter
consolidado a habilidade que conceitua e distingue tipos de escravidão no 6º
ano, mas não conseguiu, o professor fará um PIP – Plano de Intervenção Pedagógica
retomando o ensino dessa habilidade. O professor então trabalha esse conteúdo no
decorrer do ano caminhando junto com o conteúdo do ano em que o aluno está. Mas
o trabalho com esses ou esses alunos precisa ser focado e diferenciado. Porque
se você determinada atividade e esse aluno não respondeu, não atingiu a meta,
não conseguiu mostrar que ele tinha conhecimento e se o professor em outro
momento usar a mesma atividade para ensinar e avaliar pode não ter sucesso e
gera critica, pois dificilmente você consegue resultado diferente usando uma mesma
metodologia? Então nossa orientação é nesse sentido, o professor trabalhou de uma
forma, avaliou de uma forma, e o aluno não respondeu é sinal que alguma coisa
precisa ser melhorada, então muda a atividade de ensino, muda a metodologia,
muda o recurso. Então minha opinião como analista e professora, é que existe um
equívoco ao tentar conseguir resultados
diferentes fazendo sempre as mesmas coisas.
E dentro da educação
menos ainda, nossos alunos de hoje são diferente de 10, 15, 20 anos atrás, são
alunos, eu vou usar um termo do professor Nilson Machado, ele fala “quando o professor
diz que o aluno não está interessado isso é meio verdade’ porque o aluno está
interessado sim, ele pode não estar interessando no que o professor está
falando, mas ele não está apático, o aluno está mexendo no celular, falando com
o colega, conversando, mexendo com alguma coisa, então ele não está apático. Ele
não está interessado no que o professor passa, no tema da aula, na aula em si. E
quem sabe não é isso, quem sabe a forma que o professor está usando não
interessa pra ele. Enquanto os recursos tecnológicos, lúdicos através de jogos
e brincadeiras por que não utilizar? As crianças que temos hoje, são crianças
que tem muita energia, adolescentes, pré-adolescentes, ai o professor fica ali
mandando ele ler, a famosa copia manda ele fazer uma cópia, resumo sem
estrutura nenhuma, e isso não é interessante. Então tem que usar recursos que
chama a atenção dele, mas temos muitos professores que já fazem isso, temos
professores que dão aula usando facebook, que é uma rede social. Professores
inovadores que trabalham muito bem.
Você
tem alguma relação dessas práticas diferenciadas?
Exatamente a prática diferenciada uma
prática que você chega até o aluno, vai até o mundo dele. Não fique esperando
que o aluno chegue ao mundo que você cursou que você se formou e trabalhou por
muito tempo. Por que não explorar o mundo dele? O mundo que nós estamos vivendo,
explorar a era da tecnologia e da informação que chega e sai de forma muito
rápida e contínua.
Mas,
como diferenciar a disciplina de História e seu docente das demais existe uma
diferenciação no fazer-se deste profissional? Alguma característica singular?
A característica singular, é que seja
ministrado o conteúdo de forma de que faça sentido na vida dos alunos. Muitas
vezes o aluno não se interessa porque não vê ligação com o que está sendo
ensinado e a vida dele. Então o ensino, seja ele de historia ou de qualquer
outro conteúdo, tem que fazer sentido para a vida do aluno. E isso dentro da
História às vezes se torna um desafio, porque muitas vezes se vê historia como
algo morto. Então cabe ao professor mostrar ao aluno que a historia não é algo
parado, estagnado. Que a História faz sentido, tenho trabalhado isso nas
capacitações para que ele faça ligação com o agora, que parta do agora. Ele
pode pegar o presente, a História imediata, e voltar lá na história antiga e
assim vai conseguir que o aluno tenha interesse por esse conhecimento. Mas se o professor trabalha algo isolado, e
aquilo não faz sentido nenhum para o aluno, dificilmente vai conseguir fazer
ele se interessar pelo que está sendo proposto.
A
diferença básica seria esse exercício de resgate? Um resgate e um significado.
Mas o professor de Historia estimula o senso crítico do sujeito, e isso é algo
mais especifico da história ou é encontrado em todas as disciplinas? Caberia à
história fazer essa leitura de mundo?
A função convergente entre as
disciplinas é trabalhar a vivência do aluno, o conhecimento que tem do mundo em
que ele vive e se o que você ensina pra ele faz sentido. Eu sou até suspeita
para falar porque eu sou formada em História, sou apaixonada, acredito no meu
conteúdo, na minha disciplina. É uma função social que é da História, os outros
conteúdos as outras disciplinas claro sem duvida nenhuma ensinam, mas o pensar criticamente,
o poder de discernimento é só a História que dá, e vai depender muito do
professor de como ele vai mediar esse
conhecimento para o aluno.
Existe
metodologia exclusiva para o professor de História? Qual a didática do
professor de História?
Bom, a minha orientação como analista é
o plano, embora planejamento como sabemos, não é engessado, o professor muitas
vezes diz “como vou fazer o planejamento anual se eu não sei o que vou
trabalhar”, o planejamento anual é uma previsão, um mapeamento do que vai
trabalhar e como será trabalhado. Além do plano anual, o professor elabora seu planejamento
diário, semanal, quinzenal. E muitas vezes o professor vai planejar uma aula a
partir de uma questão que surgiu na sala, uma pergunta, uma dúvida, qualquer
coisa que apareça na sala ele pode planejar uma aula em cima daquilo. Então o
que a gente orienta é que o professor não vá para a sala contando com
improvisos, que ele tenha todo um planejamento, pra isso, assim como o governo
de Minas Gerais tem o currículo básico comum, o CBC, eles te o centro de
referencia virtual do professor lá tem várias sugestões de atividades. Hoje a
internet ajuda demais o professor. Outro grande colaborador é o portal do professor, a biblioteca virtual de
domínio público, então não temos uma padronização, mas temos método sim. Até
para romper um pouco com a leitura seca, sem reflexão, a cópia, o resumo, o
questionário que não acrescenta conhecimento ao aluno. Principalmente em
história é importante e necessário a discussão, reflexão sobre o tema para que
haja produção de texto, exibir filme, vou te dar um exemplo, em 2010 eu ainda
estava em sala de aula, e percebi que meus alunos de 9° ano usavam demais
Youtube, e nessa fase do nono ano, assim os hormônios estão muito aflorados,
estão descobrindo o mundo e o próprio corpo e eles usavam muito para ver cosias
até pornográficas, já que lamentavelmente em casa não tem controle. O que eu
pensei naquele momento, já havia discutido isso há alguns dias e pensei, “espera
ai vou mostrar para eles que o youtube também pode ser usado para coisas
produtivas, para aprendizagens escolares. Eu tinha que trabalhar com eles
fascismo e nazismo, pedi permissão da escola porque era bloqueado, foi
desbloqueado e eu trabalhei com eles com todos os computadores conectados e
eles assim ficaram encantados porque ate então praticamente só viam vídeos eróticas
ou humor. Então o professor de história, conta com essa recursividade para
lançar mão, eu vi também um professor que, ele não falou muito sobre, mas como
ele percebeu que os alunos estão levando celular para escola mesmo sendo
proibido, ele começou a fazer atividades com o celular na sala de aula. Recurso
tem muitos tem jogos, tem site tem data show, vídeo, filmes, documentário tem revistas
pedagógicas que chegam para escola e que podem ser usadas planejar suas aulas.
E
como vêm essas revistas do Estado?
O estado se encarrega de enviar para as
escolas.
E
quem produz é uma editora especifica ou o próprio Estado?
Não, não é do estado, é editora privada.
Compreendo,
outra pergunta com quantos docentes na disciplina de História o estado conta
hoje, em Uberlândia? Aproximadamente.
Quando foi feito o levantamento para o último
curso de capacitação, foram registrados 124 profissionais até aquele momento.
Neste
caso, o que o estado espera do professor de História? Quais características
estão sendo exigidas?
Olha que seja um professor criativo,
inovador, uma pessoa que não tenha medo de ousar e que permita a criação dos
seus alunos, fato comprovado, quando se coloca o aluno para criar aparecem
produções de conhecimentos, de saberes magníficas. Um professor que rompa com
essa postura de “repasse” “transmissão” de conhecimento, eu to aqui eu passo
ele aprende, e tem obrigação de reproduzir fielmente na avaliação. Espera-se
que proponha ações e atividades que o aluno pense, reflita e use criatividade e
senso crítico.
Quais
são os critérios para a seleção dos livros de História? Eles vem pelo Estado também?
Não. Na verdade esse livro não vem pelo
Estado de Minas Gerais, o livro vem pelo MEC, e os professores cobram muito
isso, porque Minas Gerais tem um currículo especifico que o livro não atende,
porque o professor está acostumado em abrir o livro de capa a capa para trabalhar
o ano todo. Com o CBC não dá pra fazer isso. Mas faz muito tempo se tem
criticado o a postura de professor que usa apenas o livro didático. Não precisa
abandonar o livro até porque é o material que o aluno tem em mãos, mas pede-se
que utilizem outros recursos também. Então livro do MEC, mandam algumas
coleções, e a escola reúne e escolhe.
Os
cursos de capacitação de professores com qual periodicidade eles são feitos?
Geralmente, são oficinas e minicursos
realizadas por nós analistas sob orientação da Secretaria de Educação e
Superintendência de Ensino e ocorre uma ou duas vezes por ano, normalmente uma.
Essas são capacitações maiores que envolvem encontro com todos os professores
de cada área. Mas temos um trabalho continuado e estamos em constante contato
com os professores e na medida em que vai sendo necessário e ou solicitado a
gente agenda e capacita. Tive escolas este ano que solicitou oficina sobre
planejamento alinhado ao CBC, s oficina sobre o trabalho com a cultura afro-brasileira
em sala de aula e para acontecer e a direção disponibilizou algumas horas destinados
a reuniões, sem ferir a carga horária de aula que o aluno tem direito.
Então
não precisa ser uma capacitação ao longo do semestre?
Não, geralmente quando acontece essa
capacitação, como nós tivemos agora de 16 horas, são oficinas com tempo para
discutir, trocas de experiências, apresentação de trabalhos. A própria
superintendência tem uma abertura quando vem um analista da Equipe Central de
Belo Horizonte, o professor que tem um projeto ou ação pedagógica ele é
convidar a ir até para poder divulgar e compartilhar experiências de sucesso.
Porque
o licenciado em História entra na sala apenas, a partir do 6° ano?
A idéia que justifica, é que o
professor, aliás o pedagogo, é habilitado para trabalhar esses conteúdos, ele vê
todos os conteúdos, ele está capacitado para ministrá-los até o quinto ano do
ensino fundamental.
Mas
ai que está o desafio, ele é habilitado até o fundamental 1, mas ele não é habilitado
como o professor de História para trabalhar o senso crítica do sujeito.
Isso, como não é historiador, professor
de História, não consegue trabalhar esse conteúdo de uma forma crítica conforme
nós, formados na área conseguimos. Então muitas vezes o aluno chega para nós
com uma história tradicional fechadinha na cabeça dele. E isso tem sido um
desafio, e eu já havia percebido isso quando estava na sala de aula, que é um
desafio para os meus colegas professores, porque quando chega no 6° ano ele
ainda está com datas, heróis, com grandes personalidades e feitos. E depois do
ano 2000, nós não trabalhamos mais com esse tipo de história apenas de datas,
com história econômica e política simplesmente, nós trabalhamos também com
História social. História social, não é essa história centrada em data, sem desconsiderá-la,
o aluno tem que ter noção, do tempo e do espaço, mas também nós não trabalhamos
com personalidades, trabalhamos com, o sujeito histórico. Todos nos somos
sujeitos históricos não só o presidente ou rei. Mas digo isso porque, quando
chega no 6° ano o professor de História tem que desconstruir isso na cabeça da
criança.
Você
acredita que isso ocorre por uma logística do estado?
Pode ser. O ideal seria contratar um
profissional para cada área. Mas até então tem-se como premissa que o pedagogo
está habilitado para ministrar todos os conteúdos. Exemplo foi a retirada do
professor de educação física deixando a disciplina a cargo do regente da sala.
Isso
talvez nem tenha sido previsto, mas você acredita que pode ter ligação com a
plataforma Freire? Quando ela veio com a idéia de regularizar o ensino não se
imaginou que ela geraria essa consequência.
Seria mais uma ideia de simplificar o
processo de ensino, uma vez que conforme salientado anteriormente, o pedagogo
tem formação para ministrar as disciplinas até o quinto ano. Pode ser uma
consequencia que, ao meu ver, se torna até contraditória, porque quando eu
estava cursando havia acabado os cursos de licenciatura curta, a licenciatura
deveria ser plena. Penso que isso sobrecarrega o regente. A preocupação é de
que dessa forma, a Educação Física se resuma em apenas um momento recreativo e
é sabido que esse conteúdo não se limita a recreação.
Agora
como é a comunicação do docente com a superintendência? Os docentes ligam,
mandam e-mail? Qual a periodicidade dessa comunicação?
A partir da execução do programa em
2011, nós os analistas somos o canal de comunicação da superintendência, antes
o canal era o inspetor e o diretor. Visitamos a escola periodicamente, e
estamos basicamente toda a semana nas escolas. Eles têm nosso e-mail e
telefone, com total liberdade para entrar em contato. Tem escolas que precisam
mais da nossa presença, outras menos, mas estamos em contato com todas. As escoladas denominadas estratégicas é uma
escola que requer uma atenção maior, um número maior de alunos. Então é necessário
ir pelo menos uma vez na semana. Uma escola que esta em um nível intermediário
vamos a cada 15 dias. E a escola consolidada que está que a boa proficiência
nas avaliações externas (SIMAVE – Sistema Mineiro de Avaliação da Educação
Pública) visitamos uma vez por mês. Nessas visitas estabelecemos contato com os
professores. Podemos ir às escolas, ao encontro dos professores mais vezes.
Isso dependerá da necessidade e ou da solicitação da escola ou do próprio
professor. O importante é dar suporte para o professor inclusive na sala de
aula.
Os
analistas existem há quantos anos?
Os analistas dos anos finais do ensino
fundamental desde 2011, os analistas dos anos iniciais parece que desde 2004.
Poderia
comentar sobre a relação da violência escolar e burnout, especialmente nas aulas
de História?
Pelo que tenho acompanhado a violência
escolar não está ligada a disciplina. A violência presente nas escolas tem nos
preocupado muito, mas essa é uma situação que vem também de fora da escola o
aluno que leva traz a violência, é porque ele vive em um mundo violento lá
fora, é que ele está familiarizado com ela. Por isso, não vejo ligação diretamente
ao professor de história. Embora todo professor ter a função social de formar
para cidadania então pode utilizar seu conteúdo e tentar minorar a crescente
violência que muitos alunos estão inseridos.
Agora
no caso do Burnout, como funciona para o professor de História?
Existem muitos casos, existem muitas
licenças de saúde, mas não necessariamente exclusividade do professor de
História é uma situação geral. Normalmente, com aquele professor que tem uma
carga horária maior.
Mas
quantas horas o Estado cobra do professor de História?
Bom, a própria escola pode escolher se
vai colocar, por exemplo, 4, 3 ou 2 aulas de historia, então isso vai variar
muito de escola para escola. Em anos iniciais é professor regente, nem conta
hora aula. Mas contabilizando horas, o máximo que ele pode ter são 36 horas.
Dentre estas, algumas são destinadas
para atividades extraclasse (planejamentos) cumpridas na escola e em casa.
E
no caso da evasão de professores, isso ocorre com o professor de História, ele
vem fica poucos meses e vai embora?
Nos últimos tempos tem acontecido isso,
ele abandona mesmo, eu penso que isso seja porque que toma posse normalmente é
a pessoa recém-formada, e a faculdade não prepara o graduando para ser
professor, muitas vezes ela prepara para ser historiador. E outra coisa, é
passado para ele um conto de fadas, quando ele chega à escola a realidade é
outra. Ai ele vai se deparar com múltiplas situações, nem vou entrara no mérito
da remuneração, vai deparar com violência, desinteresse, com a falta de recursos,
com a falta de participação dos pais. E ele chega à escola cheio de vontade e
boas intenções, mas não consegue aplicar porque existe uma realidade social
interferindo e ai ele frustra, e as vezes frustra ao ponto de desistir.
Quais
anos o analista atende? Vocês atendem também o EJA?
Veja bem o analista do PIP CBC, responde
pelo 6° até o 9° ano damos suporte para o ensino médio, mas não fazemos o mesmo
acompanhamento sistematizado. O ensino médio tem um projeto próprio (Reinventando
o Ensino Médio) que está sendo implementado.
E
de 1° ao 5° ano?
Existem outros analistas, o PIP ATC - Alfabetização
no Tempo Certo.
Mas
alguém analisa o EJA?
Na superintendência, tem um setor que
acompanha todos os projetos e o EJA é um deles, e tem uma equipe de pedagogas
preparadas. Porém se o EJA me pede orientação e a orientação é pedagógica, eu
tenho condição de ajudar. Mas lá tem assim como tem projetos de educação
especial com profissionais específicos para esse acompanhamento.
Então
o analista é um salvador da pátria?
Eu diria um profissional de apoio. Se
você como analista puder ajudar no pedagógico estando na escola, você deve
contribuir.
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